Minas tem uma paisagem interiorana meio Sítio do Picapau Amarelo, casinhas de pau a pique e lindas quaresmeiras floridas em setembro. Um belo passeio para fazer em tempos difíceis para ir mais longe..
Uma mistura do passado com o presente, do simples com o sofisticado, do urbano com o rural. O interior de Minas tem muito e vai surpreender.
A cidadezinha de Tiradentes se renovou , inventou um passado de glórias e recebe os turistas com simpatia e muitas delicias mineiras como o famoso tutu , os doces em calda e o torresmo bem sequinho. Faz festivais de gastronomia famosos em todo o Brasil , mas sem perder o charme do passado colonial!
Além de ser um dos mais belos cenários para fotografias, sem nenhuma construção moderna estragando a mística.
No primeiro dia a melhor pedida é “bater pernas” pela cidade.
O Largo das Forras é uma simpática pracinha que fica na parte histórica de Tiradentes, é por lá que tudo acontece. No entorno da praça, concentram-se algumas pousadas, casarões antigos e vários barzinhos e restaurantes. Largo das Forras tem este nome porque era lá que os escravos recebiam a carta e alforria.
Aqui está a sede da prefeitura municipal e a igreja de Bom Jesus da Pobreza, prove um docinho e, se quiser, volte mais tarde para um almoço ou para tomar um chopp no final do dia.
Subindo as ladeiras você verá a Matriz de Santo Antônio. Por dentro, a igreja é muito rica! São mais de 480 quilos de ouro adornando o altar e fazendo da Matriz a segunda igreja mais rica do Brasil.
Na frente da Câmara Municipal, não deixe de entrar em sua varanda e ter uma visão completa do verde da Serra de São José.
Na rua Direita encontram-se ótimos restaurantes como o Gourmeco e o TragaLuz.
É na rua Direita também que está localizada a antiga cadeia municipal (que hoje é o Museu de Sant’Ana) e a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos.
Uma curiosidade sobre a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, é que ela era frequentada somente por escravos, inclusive muitas das imagens de santos e santas que ela abriga são negros.
Depois de conhecer o centro histórico, melhor pedida para o por do sol é Capela de São Francisco de Paula. Para ver Tiradentes do alto!
No segundo dia, você poderá escolher. Um passeio pela Serra de São José e conhecer Bichinho ou até mesmo fazer um passeio de Maria Fumaça até São João del Rey.
Ótimo aproveitar o bom tempo para fazer uma trilha a pé junto a Serra de São José nas imediações de Tiradentes.
A Pousada Pequena Tiradentes nos indicou a agência para organizar o passeio que prometia uma caminhada de 2 horas até o pé da serra com direito a banho de cachoeira e passagem pela antiga calçada dos escravos. O tempo vinha sendo bom, até demais, pois fazia mais de 90 dias que não chovia em Minas , o que praticamente impossibilitava a cachoeira de ter qualquer vestígio de água.
Tudo bem , não seria o pó da estrada que iria nos deter. No munimos de cajados e roupas frescas e seguimos nosso guia morro acima numa trilha bem cerrada no meio do mato. Tudo muito instigante, principalmente se descontar o fato de que nosso guia era quase mudo, ao contrário do que costuma acontecer, o guri não abria a boca , nem para responder nossas perguntas. O jeito foi tentar montar o quebra-cabeça com poucas peças mesmo.
Calçada dos escravos
Fizemos a Trilha do Carteiro, que nos leva até a Calçada dos Escravos, no alto da Serra de São José. A trilha é leve, bem marcada e, se você tem alguma experiência do tipo, dispense a contratação de guia.
A calçada dos escravos era uma passagem pelas montanhas que os locais usavam para desviar o ouro retirado das minas sem passar pela fiscalização da coroa. O que sobrou foram algumas pedras no chão. Ao final da trilha a marcação da Estrada Real mostra a importância destas paragens no mapa da riqueza colonial brasileira, ela ligava Minas ao Rio de Janeiro e Paraty e está demarcada por pequenos pedestais.
Depois de passar pela Calçada dos Escravos chegamos a uma planície, onde podemos avistar a cidade de Tiradentes e região, dos dois lados da Serra de São José.
Primeira Fonte – Ana Laura Diniz
O segundo programa do dia foi visitar Bichinho , a meca do artesanato local. Não tente imaginar o tamanho da cidade , porque apesar de ter a fama de alimentar TODAS as lojas de Tiradentes e Ouro Preto ela é muito , mas muito mesmo , menor do que você possa imaginar.
Vitoriano Veloso, carinhosamente apelidado de Bichinho, é assim: simples, interiorana, a cara de Minas.
Pichação num muro , bem se vê que é uma meca de artistas
Rua principal de Bichinho
Uma boa dica é fazer o trajeto de 8km a cavalo, principalmente se o carro que vocês estiver guiando for próprio! A estrada destrói até caminhonete 4×4, é um terror! Levamos quase meia hora para fazer os 8km. Além disto o passeio a cavalo é aprazível pois a paisagem é linda.
Bichinho tem duas instituições quase oficiais, a Oficina de Agosto e o Tempero da Ângela. A primeira é o maior centro de artesanato local, uma bela visita.
Oficina de Agosto
O segundo é uma unanimidade entre os locais, o melhor restaurante de comida mineira da região. Mas não se assuste na entrada, ele é bem simples (até demais, eu diria) mas o tempero é bão desmais.
O charme maior é que a comida é servida sobre um fogão à lenha , onde ela está sendo feita. Tudo muito genuíno. Quiabo, feijão tropeiro, couve, torresmo e o que mais couber no seu estômago, antes de começar a azia.
Um pouco do ambiente e moradores de Bichinho.
Confesso que o artesanato local me decepcionou um pouco, acho que a globalização tem nos tirado a surpresa de encontrar coisas regionais. Quase tudo que vi por lá , tinha uma carinha de feira de artesanato já vista em outras bandas, mas eu sou suspeita , meio avessa a lojas. Como Bichinho é a origem de de quase tudo que conhecemos como artesanato mineiro, vale muito a visita. Quem gosta de garimpar , garanto que encontrará maravilhas e vai até me xingar, aceito de antemão o xingamento!
Dentre os artigos mais típicos estão estas cruzes de papel “escabelado” que eles usam nas portas de entrada das casas. Adorei todas , só esqueci de perguntar a história desta tradição. Depois me contaram que sobre a tradição das cruzes enfeitadas nas portas existe para celebrar a véspera do dia de Santa Cruz, 03 de maio, para que se tenha proteção o ano todo e são trocadas anualmente. Acabam ficando até o ano seguinte!
Para agradar com um presentinho bem típico , o símbolo do espírito santo impera. Pombinhas brancas em todos os formatos.
Pode não ser a forma mais rápida de se ir de Tiradentes a São João Del Rei, mas não tenha dúvidas de que fazer o percurso de maria-fumaça é a forma mais divertida!
Igreja Nossa Senhora do Rosário
Neste passeio turístico, são percorridos 12 km em 50 min. O caminho dos trilhos corta o cerrado mineiro e passa por pontos em que é possível contemplar o Rio das Mortes e também a Serra de São José.
A igreja de São Francisco de Assis fica no alto de uma ladeira, cercada de palmeiras imperiais, num jardim projetado por paisagista Burle Marx. É uma graça!
A fachada poderia estar mais bem preservada, porém o interior vale demais a visita. Tem altares dourados (feitos por Aleijadinho) e cheios de rococó, lustres lindões e até um sino gigante que já está aposentado. Além disso, a portada foi esculpida em pedra sabão. O túmulo do ex-presidente Tancredo Neves fica no cemitério nos fundos.
A poucos passos da Igreja Nossa Senhora do Rosário (Rua Getúlio Vargas, 98), no Largo do Rosário, o Solar dos Neves é uma bela casa colonial colorida e com flores coloridas nas janelas, onde morou a família de Tancredo Neves. Foi construída no século XIX e não está aberta a visitação. Mais um daqueles itens “fotografar a fachada” da sua lista de o que fazer em São João .
No Largo do Rosário aprecie a beleza do casario colonial do centro histórico . Casas com janelas e portas coloridas e telhado com “eira” e “beira” são um primor.
Me digam se não é lindo? O difícil é perder os quilinhos a mais com tanta comida boa.
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